Questão
Desejando participar de uma proposta
para a realização de um determinado serviço, a Companhia Q S/A levantou os seguintes
dados, em reais, retirados do balancete de verificação, levantado em
novembro/2013:
Desconto concedido por pagamento antecipado
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9.600
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Despesas administrativas e comerciais
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157.400
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Lucro Bruto
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181.400
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Passivo Exigível
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60.000
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Patrimônio líquido
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40.000
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Considerando exclusivamente os dados
fornecidos, as normas contábeis para elaboração das demonstrações contábeis e a
boa técnica de análise financeira, o grau de alavancagem financeira da
Companhia Q S/A é de
(A) 1,21
(B) 1,50
(C) 1,67
(D) 2,50
(E) 2,77
Resolução
Devido ao fato de não existir uma
fórmula única para a definição do grau de alavancagem financeira (GAF) de uma
empresa, esta questão possui, pelo menos, três respostas comuns possíveis.
Primeiramente, evidenciamos a DRE
necessária para algumas das formulações:
DRE
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$
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Lucro Bruto
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181.400
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Despesas administrativas e comerciais
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-157.400
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Resultado antes do resultado financeiro
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24.000
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Despesas financeiras
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-9.600
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Resultado antes dos tributos sobre o lucro
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14.400
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1.
Formulação de Gitman (2012)
Na formulação de Gitman (2012), comum na
literatura financeira americana, o GAF é mensurado a partir do lucro
operacional antes das despesas financeiras (Ebit):
GAF = Ebit / (Ebit – despesas
financeiras).
GAF = 24.000 / (24.000 – 9.600) → 1,67.
No entanto, apesar dessa formulação
chegar a uma das respostas possíveis, não é a resposta utilizada no gabarito da
questão.
2.
Formulação Assaf Neto (2012)
Na formulação de Assaf Neto, comum
na literatura financeira brasileira, o GAF é mensurado a partir da relação
entre o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) e o retorno sobre o
investimento (ROI):
Desconsiderando, a incidência de
tributos sobre o lucro (TSL), uma vez que não foram fornecidas informações
nesse sentido, temos:
ROE = lucro líquido / patrimônio líquido.
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ROE = 14.400 / 40.000 → 0,36 ou
36%.
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Considerando que o capital investido na
empresa, em finanças, é representado pela soma da dívida (passivos geradores de
juros) com o patrimônio líquido, temos:
ROI = lucro operacional líquido / capital investido
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ROI = Ebit × (1 – TSL) / capital investido.
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ROI = 24.000 × (1 – 0%) / (60.000 + 40.000)
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ROI = 24.000 / 100.000 → 0,24 ou 24%.
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Chegamos, portanto, ao GAF, segundo a
definição de Assaf Neto (2012):
GAF = ROE / ROI.
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GAF = 36% / 24% → 1,5.
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Apesar de 1,5 ser a resposta apontada
pelo gabarito da questão, existe um problema em considerar essa abordagem. Em
seu texto, a questão informa-nos para que sejam considerados exclusivamente os dados fornecidos. Mesmo que o texto
não informe a alíquota dos tributos sobre o lucro ou o seu valor, estaríamos
considerando uma não incidência ou alíquota de 0%, acrescentando dados à
questão.
Além disso, existe outra variante
conhecida dessa fórmula:
GAF = ROE / ROA.
Assumindo que o passível não exigível
omisso na questão seja equivalente à zero, temos:
ROA = lucro líquido / ativo total.
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ROA = 14.400 / (60.000 + 40.000) → 0,144 ou 14,4%
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Portanto:
GAF = ROE / ROA.
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GAF = 36% / 14,4% → 2,5.
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Essa variação da fórmula, no entanto,
seria pouco útil em finanças por considerar todos os ativos da empresa, mesmo
os não operacionais ou em desuso, sendo mais comum como medida contábil
tradicional.
3.
Alavancagem financeira para efeitos de custo de capital
Como pode ser visto em qualquer
livro moderno de finanças, a finalidade mais comum da mensuração da alavancagem
financeira das empresas é o cálculo do seu custo de capital. Nesse sentido, o
beta das empresas é alavancado pela relação entre suas dívidas (passivos
geradores de juros) e seu patrimônio líquido:
Alavancagem financeira = dívida /
patrimônio líquido.
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Alavancagem financeira = 60.000 / 40.000 → 1,5.
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Dada a notoriedade dessa formulação em
relação à formulação de Gitman (2012) e devido à necessidade da inclusão de
dados para a utilização da formulação de Assaf Neto (2012), talvez seja essa a
formulação correta para a resolução da questão.
Referências
ASSAF
NETO, Alexandre. Finanças corporativas e valor. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
GITMAN,
Lawrence; ZUTTER, Chad. Principles of managerial finance. 13th ed. Boston: Prentice Hall, 2012.